quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dizimo:Lei ou Graça


Como a prática do dízimo entrou na Igreja

Cipriano, que viveu entre 200-258 d.C., foi a primeira pessoa a defender o sustento do clero. Até então, a igreja não tinha o que chamamos hoje de ministro de tempo integral.

Cipriano estava se valendo do princípio dos levitas do VT, que não receberam terras para cultivar, por isso não teriam como se manter. Deus ordenou que o restante de Israel sustentasse os levitas, usando os dízimos para isto (veremos que o dízimo tinha outras finalidades além desta). No entanto ele foi uma voz rouca em seu tempo, não tendo encontrado apoio para tal. Porém, uns 100 anos após, alguns líderes importantes começaram a concordar com Cipriano: deve-se dar dízimo para sustentar o clero.

Ao longo de toda a idade média este modelo dizimal foi ganhando a simpatia não somente da Igreja mas de toda a Europa. Carlos Magno[4] instituiu legalmente 10% como imposto em seu reinado.

Assim sendo, você terá de concordar que a prática do dízimo pela Igreja não vem de uma ordenança neo-testamentária, mas de uma prática, de uma tradição. Cipriano teve boa intenção, no entanto, se tornou um fardo, quando imposta e psicologicamente manipulada por muitos hoje em dia.

Eu creio que nem todos que ainda defendem o dízimo como uma ordenança para a Igreja o fazem por ganância ou sentimento pecaminoso. Estão sendo sinceros; sinceramente enganados é verdade, mas estão errados. Em minha igreja eu falo de dízimo. Afinal, ele é um excelente modelo para nós. Um modelo, não uma ordenança.


O que diz o Velho Testamento sobre o dízimo

O dízimo antes da Lei

Em duas ocasiões vemos referência ao dízimo no VT: Gn 14.20; 28.22. No primeiro caso foi Abraão que deu a Melquisedeque o dízimo. Mas qual dízimo? Dos despojos da guerra contra Quedorlaomer (conforme Hb 7.4). Abraão não continuou pagando o dízimo nem mesmo se diz que deu 10% de toda sua riqueza.

No segundo caso, se diz de Jacó que prometeu dar o dízimo de tudo quanto conquistasse. Não se diz que Jacó se tornaria um dizimista, mas daria o dízimo de tudo o que conseguisse quando retornasse para a sua casa. Ao que parece, como Abraão deu, provavelmente, uma única vez, Jacó talvez pensasse em fazer assim. Desta forma, o dízimo deles foi mais uma manifestação de gratidão ou mesmo de culto do que de uma forma de sustento (da obra do Senhor).

A lei do dízimo

A primeira ocasião em que Deus deu leis sobre o dízimo foi logo após a saída do Egito e uma segunda pouco antes da entrada em Canaã. Temos ai um intervalo de 40 anos com uma mudança de circunstâncias bem grande. Os livros de Levíticos e Números até o capítulo 19 relatam fatos de logo após a saída e o Deuteronômio de pouco antes da entrada na terra.

Também todas as dízimas, tanto do grão do campo como do fruto da terra, são do SENHOR: santas são ao SENHOR. Se alguém de seus dízimos quiser resgatar alguma cousa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR. Não se investigará se é bom ou mal, nem o trocará: mas se de algum modo o trocar, um e outro serão santos; não serão resgatados. São estes os mandamentos que o SENHOR ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no Monte Sinai (Lv 27,30-34).

Estamos ainda no Monte Sinai, aproximadamente três meses após a saída do Egito. Deus dá as primeiras palavras sobre o dízimo. Este se dividia em dízimos de animais e de hortifrutes. A ordem pode ser mais esclarecida assim:

Vocês devem entregar o dízimo de tudo o que cultivarem e pastorearem. Dos alimentos e do fruto das árvores, até podem ficar com eles, dando em lugar destes, a quantia em dinheiro (naquela época a prata) acrescida de 20% (um quinto). Exemplificando: se o dízimo for 1 quilo de maçãs e vocês quiserem ficar com elas, podem, mas devem dar no lugar o valor de mercado mais 20%. Ou seja, se o valor de mercado de 1 quilo de maçãs for 1 real, devem dar aos levitas R$ 1,20 como dízimo.

Agora, se for gado (ou animal) não poderá ficar com ele e agir como descrito acima. Vocês o darão se for um bom animal ou um animal doente. Mas se quiserem me louvar e dar um não doente, terão que dar os dois. Vocês farão um curral onde só passe um animal por vez. A cada dez animais que passarem pelo curral, o décimo vocês marcarão com a vara de pastor e este aí será santo ao SENHOR, não importando o estado dele.

A narrativa de Números já traz algumas pequenas diferenças ou mesmo um aperfeiçoamento de Deus quanto ao assunto. Aqui, Nm 18,21-32, são dadas instruções aproximadamente 2 anos após a saída do Egito. Vejamos o Texto:

Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço na tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para não levarem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação, e responderão por suas faltas; estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em ofertas, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Disse o Senhor a Moisés: Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando receberdes o dízimos da parte dos filhos de Israel que vos dei por herança, deles, apresentareis uma oferta ao Senhor; Os dízimos dos dízimos. Atribuir-se-vos-a a vossa oferta, como se fosse grão da eira e plenitude do lagar. Assim também apresentareis ao Senhor uma oferta de todos dos vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel e deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote. De todas as vossas dádivas apresentareis toda oferta do Senhor, do melhor delas, a parte que lhe é sagrada. Portanto lhes dirás: quando oferecerdes o melhor que há nos dízimos, o restante destes como se fosse produto da eira e produto do lagar, se contará aos levitas. Comê-lo-eis em todo lugar, vós e a vossa casa, porque é vossa recompensa pelo serviço na tenda da congregação.

Deus separou a tribo de Levi para cuidarem dos assuntos relacionados ao Tabernáculo (e posteriormente ao Templo). Dentre todos os membros da tribo, que era formada por várias famílias, Deus separou a família de Arão para exercer o sacerdócio. Provavelmente nesta ocasião de Nm 18, já havia algumas dificuldades de logística e liderança. Quem iria receber o dízimo e os repartir entre os demais? Deus então diz que o povo daria o dízimo aos levitas e estes por sua vez, separariam 10% daquilo que recebiam do povo e dariam aos sacerdotes. Veja: Deus havia dito que o dízimo era dele, mas que ele o estavam dando aos Levitas. De outra forma, Deus devolve ao homem o que o homem dá.

O livro de Deuteronômio foi escrito no 40º ano após a saída do Egito. O povo deixaria a vida nômade para agora fixar residência e se espalhariam por um raio de algo em torno de 100.000 km2. O Tabernáculo estaria fixo em uma cidade. Os levitas habitariam em várias cidades longe do Tabernáculo (Dt 18.6). Todas estas novas circunstâncias trariam dificuldades na entrega dos dízimos. Deus também pensou nos problemas das viúvas, órfãos, pobres e estrangeiros. O que ele fez? Estendeu a lei do dízimo de modo que este se tornasse um meio de assistência social. A partir de agora não apenas os Levitas teriam direito aos dízimos mas também os necessitados.

No Velho Testamento o Senhor também transformou a ação de dizimar em uma maneira de cultuá-lo e não apenas honrá-lo. Era costumes na sociedade pré-abraâmica honrar os reis com dízimos (por isso ele o deu a Melquisedeque) e, como diz J.Davis,
Várias nações da antiguidade separavam para os deuses, certa proporção dos produtos de indústrias ou dos despojos da guerra. Os lídios ofereciam a décima parte das presas (Heród. 1.89). Os fenícios e os cartagineses enviavam anualmente a Hércules, a décima parte de suas rendas. Estes dízimos eram regulares ou ocasionais, voluntários ou ordenados por lei. Os egípcios deviam contribuir com a quinta parte das colheitas para Faraó (Gn 47.24).[5]

A Igreja hoje em dia cultua a Deus em duas etapas diferentes: cânticos e sermões, mas de acordo com Deuteronômio, a entrega dos dízimos era um culto em si mesma. Em Dt 12.6-7 lemos:
A este lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios e os vossos dízimos, e a oferta de vossas mãos, e as ofertas votivas, e as ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. Lá comereis perante o Senhor vosso Deus, vos alegrareis em tudo que puserdes a vossa mão, vós e as vossas casas, no que vos tiver abençoado o Senhor vosso Deus.

Em Dt 14.22-29:
Certamente darás os dízimos de todo fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolhes do campo. E perante ao Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas: para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. Quando o caminho te for comprido demais que não os possa, levar por estar longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os, e leva o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. Esse dinheiro dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer cousa que te pedir tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus e te alegrarás, tu e a tua casa, porém não desampararás ao levita que está dentro da tua cidade: pois não tem parte nem herança contigo. Ao fim de cada três anos tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então virá o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o Senhor teu Deus te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem. (o negrito é meu).

Deus passa a orientar agora o seguinte: as colheitas, como eram anuais, deveriam ser colhidas e retirada a sua décima parte, junto com a dos animais e transportados até o lugar onde o tabernáculo estaria. Caso a distância fosse longa, os produtos das colheitas poderiam ser vendidos e se comprava, na cidade do tabernáculo, o que a pessoa desejasse. Fazia-se então uma grande festa e um grande culto, onde o ofertante e dizimista poderia participar comendo do seu dízimo.

Uma ordem nova é dada no verso 28. A cada três anos os dízimos do fruto da terra deveriam ser armazenados em casa e usados como socorro a algumas pessoas (v.29). Há três possibilidades aqui: poderia ser um segundo dízimo, parte dos dízimos de todo o terceiro ano ou ainda todo o dízimo do terceiro (veja também Dt. 26.12-13).

Malaquias 3.7-12

Malaquias 3.7-12 é sem dúvida o texto áureo dos que defendem a manutenção da lei do dízimo para a Igreja. A versão da Bíblia na Linguagem de Hoje diz:
Vocês são como os seus antepassados: abandonam as minhas leis e não as cumprem. Voltem para mim, e eu voltarei para vocês. Mas vocês perguntaram: Como é que vamos voltar? Eu pergunto: será que alguém pode roubar a Deus? Mas vocês têm roubado e ainda me perguntam: Como é que estamos te roubando e ainda me perguntam: Vocês me roubam nos dízimos e nas ofertas. Todos vocês estão me roubando, por isto eu amaldiçôo a nação toda. Eu, o Todo-Poderoso, ordeno que tragam todos os seus dízimos aos depósitos do Templo, para que haja bastante comida na minha casa. Ponham-me à porta e verão que eu abrirei as janelas do céu e farei cair sobre vocês as mais ricas bênçãos. Não deixarei que os gafanhotos os destruam as suas plantações, e as suas parreiras darão muitas uvas. Todos os povos dirão que vocês são felizes, pois vocês vivem numa terra boa e rica. Eu, o Todo-Poderoso, falei.

O livro de Malaquias foi escrito por volta de 400 a 450 a.C. Um pouco antes, em 538 a.C. é baixado o decreto para o retorno do povo de Israel que estava cativo em Babilônia. Com Zorobabel retornam aproximadamente 50 mil homens, que não eram dos mais ricos. Estes 50 mil dão início a reconstrução do templo, que só fica pronto em 516 a.C.. Em 457 a.C. Esdras vem a Israel com mais outros 1400 homens e começa um reavivamento religioso, porque a mais ou menos 100 anos a religião judaica deixara de ser praticada. É neste contexto que entra o profeta Malaquias, porque o povo desaprendeu servir a Deus. Vários pecados são apontados por este profeta. Juntando-se o pecado com a pobreza, o povo passou a ser infiel nos dízimos e ofertas.

A idéia de Malaquias 3.11 é a de que Deus sustentaria o seu povo mesmo nas adversidades. Era comum praga de gafanhotos que destruíam as plantações e tanto os fiéis como infiéis estavam sujeitos aos prejuízos causados por eles. Deus insta para que permanecessem fiéis nos dízimos e ofertas pois era isto que sustentava os levitas, órfãos, viúvas e pobres. Sim, o dízimo não era só para o levita, conforme já vimos. Prometeu Deus impedir que pragas destruíssem a próxima colheita, ao contrário do que interpretam alguns, que mandaria a praga se o povo não dizimasse.

O dízimo no Novo Testamento

O NT fala sobre dízimo em três ocasiões: No encontro de Jesus com uns fariseus (Mt 23.23; Lc 11.42), no relato do fariseu e o publicano (Lc 18.12) e em Hebreus 7, falando sobre o sacerdócio de Cristo.

Em nenhuma destas passagens há a possibilidade de interpretação como um mandamento ou ordenança para a igreja dizimar. Em Mt 23.23 Jesus condena o ato hipócrita dos fariseus sendo legalistas quanto ao dízimo deixando de praticar preceitos mais importantes. Jesus diz: “devíeis fazer estas coisas (misericórdia e fé) sem omitir aquelas (dizimar)”. Entrementes, é óbvio que ele falava para os fariseus, não para a Igreja. Além disso, a era da graça ainda não se tinha iniciado. Estavam no período da lei.

Em Lucas 18.12 o texto não pode nem ser considerado como apologia ao dízimo, pois o fariseu, hipócrita e orgulhoso se gaba se ser dizimista, enquanto o publicano se acha um grande pecador.

Já Hebreus 7 está falado do sacerdócio de Cristo, superior ao de Melquisedeque. Também aqui não e uma defesa da necessidade de a Igreja ser ordenada à mesma prática. No verso 8 lemos: “e aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive”. É uma comparação entre os dias do autor de Hebreus com os dias em que viveu Abraão. Nos dias de Abraão, este deu o dízimo a alguém que tipifica Cristo.

Quem recebia os dízimos eram os sacerdotes, e assim abençoavam o povo. Se Melquisedeque tipifica Jesus, e se Melquisedeque era sacerdote muito mais Jesus é o nosso sacerdote. Deste modo a ênfase do texto está em provar o sacerdócio de Jesus, não o dízimo.

Levando em conta que Hebreus fora escrito para os hebreus (óbvio, como o próprio nome do livro) não necessitaria o autor provar a continuidade do dízimo pois os fariseus faziam isto. O que eles não aceitavam não era não darem o dízimo (vide Mt 23.23; Lc 18.12). O que eles não entendiam era o sacerdócio de Jesus. Assim sendo, Hebreu 7 não pode ser usado como apologia dizimatória.

A Contribuição no Novo Testamento

Não há necessidade de falar muito aqui. Bastaria recomendar a leitura de Mc 12.42 em comparação com II Coríntios 8 e 9. Com a forma de doutrina, Paulo fala três verdades acerca da contribuição para a Igreja:

a) Voluntária (8.3) - A espontaneidade da contribuição deve nortear nossas ofertas. Não devemos coagir nem nos deixar ser coagidos por ninguém.
b) Segundo as posse de cada um (8.3) - Apesar de neste mesmo verso Paulo reconhecer que ainda poderiam ter sido acima das posses, o texto deixa claro que é justo que cada um contribua de acordo com o que tem, ficando livre o contribuinte para estipular percentuais.
c) Lei da semeadura: quem planta mais, colhe mais - (9.9.6-15) Paulo usa a lei da semeadura para revelar uma verdade espiritual. Assim como quem planta um pé de milho colhe 6 espigas (dependendo da qualidade da semente) quem plantar 10 pés colherá sessenta espigas, quem contribui com mais, receberá do Senhor mais.

Antes de terminar, para quem se animou com a lei da semeadura, deixe-me falar algo sobre prosperidade. Certamente você já ouviu a frase "Sou filho do rei". Isto é um fato, mas daí dizer que como "filho do rei" tenho de ter do bom e do melhor aos olhos do mundo e da sociedade corrupta, capitalista e consumista é um equívoco de 180º;.

Jesus, o verdadeiro Filho do Rei, não nasceu em berço de ouro. Aliás, nem berço ele teve, nasceu em meio às vacas e bois e foi envolto em panos (Lc 2.1-7) e não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.20). A bíblia está cheia de mensagens que falam que a riqueza material é perigosa, Mt 6.19-21; Ec 5.10; 1Tm 6.10; Tg 5.1-6; Mt 19.21. Gostaria que você meditasse nestas passagens. Esta última é interessante e eu que trabalhá-la aqui.

Uma pessoa aproxima-se de Cristo, querendo saber como ser salva. Jesus testa sua fé, sua religiosidade, sua sinceridade e percebe que ele é um bom crente. O único problema é que, por ter conseguido prosperar muito, acabou adquirindo um amor pernicioso pelo dinheiro.

Infelizmente, são poucos os que conseguem não se deixar apaixonar pelo dinheiro. Não há pecado em ser rico mas é preciso muito cuidado na importância que se dá à riqueza.

Jesus neste encontro disse: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo da agulha do que entrar um rico no reino de Deus". Nesta expressão proverbial Jesus não diz ser impossível a um rico ser salvo (v. 26) e sim que, uma vez que tal pessoa raramente percebe suas necessidades pessoais com a mesma facilidade de um pobre, sua salvação é mais difícil "(Nota rodapé da Bíblia Anotada – Ed. M. Cristão).

A riqueza material é um "acidente de percurso". O alvo de Deus é a nossa alma e não levará para o céu o carro do ano, o celular, a mansão, etc. É muito comum ligarmos a TV e vermos um testemunho de alguém dizendo que antes era pobre endividado e agora é rico e tornou-se um microempresário.

Quanto a isto duas coisas têm que ser ditas: (a) eles só mostram os que se deram bem, que realmente prosperam. Infelizmente tenho tomado conhecimento de que muitos não apenas não se enriqueceram, como venderam casas, carros, na esperança de ganhar outros melhores e ficaram sem nada. (b) o fato de alguns prosperarem se dá, também por fatores humanos. A economia de nosso país tem ido relativamente bem e muitas pessoas estão melhorando de vida. Peçamos graça e sabedoria a Deus para servi-lo com equilíbrio e verdade e assim verdadeiramente prosperaremos de acordo com sua palavra e não com os padrões mundanos.
Tg 42-3 - Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
Mt 6.19-21 - Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
Ec 5.10 - Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade.
1Tm 6.10 - Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram.




Referências Bibliográficas

MURRAY, Stuart, Beyond thiking, Paternoster Publishing
DAVIS, John D., Dicionário da Bíblia, JUERP




[1] Para quem não viu ou não se lembra, foi no Jornal Nacional , da TV Globo, no dia 22/12/1995. O bispo Edir Macedo foi filmado numa reunião de pastores da Igreja Universal (IURD) e ensinava como arrancar o dinheiro das pessoas. Edir usou a frase ou dá ou desce num trocadilho infeliz, querendo dizer que na sua igreja o membro contribui ou sai da igreja. Um dissidente, Pr Carlos Magno entregou esta fita para a Globo.
[2] 2Co 9.7
[3] 1Ts 5.21
[4] Não é o mesmo dissidente da Universal. O fato de serem homônimos é uma coincidência
[5] DAVIS, Jonh D. Dicionário da Bíblia, Rio de Janeiro, JUERP, 1996